quinta-feira, 2 de setembro de 2010

'Vida maldita…’ murmurou. Altas pressões, baixas pressões, chuvas fracas, aguaceiros, sol, céu nublado ou limpo… Tudo aquilo era, ainda há uns meses, uma mera curiosidade para ajudar a escolher a roupa do dia seguinte. Agora, enquanto se sentava na cadeira para ser maquilhada, estudava as folhas com os gráficos e tabelas da meteorologia que iria apresentar daí a minutos. Repetia para si o texto enquanto olhava para os gráficos. Já conseguia perceber as variações na pressão atmosférica e o seu impacte no tempo. Pensou no pai e como este ficaria decerto mais satisfeito com uma carreira na meteorologia do que na moda. Ironia do destino, tudo o que conseguira como modelo fora aquela oportunidade de apresentar o boletim meteorológico nos últimos cinco minutos do telejornal da noite, e mesmo isso graças a uma cunha de uma amiga. Nem o facto de aparecer na televisão todas as noites parecia surtir algum tipo de impacto na sua vida, para além do desconforto quando alguém ficava especado a olhar para ela, decerto tentando perceber de onde aquela cara lhe era familiar. E o pior é que nunca fora tão feliz em toda a sua vida…

‘Vamos a isto?’, ouviu uma voz calorosa questionar fazendo-a rodar sobre a cadeira enquanto sorria para a maquilhadora. ‘Siga. Algures haverá uma modelo à espera para saber o que vestir amanhã’ respondeu de sorriso nos lábios…

1 comentário:

Anónimo disse...

Achei piada, Di. É um final que não se está à espera, tendo em conta o decorrer do texto. É giro.