sábado, 14 de agosto de 2010

pequeno sopro cansado

pequeno sopro cansado de nada,
vogando dormente no estio abrasador,
que areias arejaste com carícias,
que cativos desertos libertaste do calor?

pequeno sopro cansado de sonho, 
encanto tecido de lábios no poente,
como estrelas a jorros de infantis mãos,
canções feitas para murmúrios, somente.

pequeno sopro cansado de silêncio,
mascarra no marasmo alvo dos dias,
quantos dentes-de-leão afagaste,
pedaços fluentes de memórias fugidias?

dorme agora, pequeno sopro cansado do mundo,
velado pelas cortinas corridas do tempo.
dorme em paz, pequeno sopro cansado e moribundo,
sem saberes que destino é sopro como tu,
talhado pelo amar caótico de deuses.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bonito. Gosto principalmente das duas últimas estrofes e principalmente da penúltima.

^^

Inês disse...

Tiraste-me as palavras da boca, Lin Na :D